quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Eu, robô

O que esperar das pessoas? Esperar sorrisos ou abraços ou beijos calorosos ou palavras reconfortantes? Esqueça! Você tem que ser forte, tem que crescer na vida, amadurecer e aprender a seguir em frente e só, sem precisar que outros sirvam de apoio para você. Você tem que ser superior, não deixar se abalar, manter o foco e alcançar seu objetivo. Tem que passar por dificuldades e não deixar lágrimas cairem, não deixar o corpo abater, não deixar a mente voar. Você tem que aprender a ser lógico, pensar sempre nas consequência e ter um plano B para qualquer eventualidade. Você tem que olhar pra frente, para os lados, para trás, ter o controle de tudo, ser inatingível, impenetrável, implacável. Viva na retaguarda, na surdina, na espreita, na tocaia. Não durma, não coma, não sonhe. Isso tudo desvia sua atenção, desvia seus raciocínios. Te faz cair, perder, arruinar. Seu corpo deve ser uma muralha. Puro concreto. 
Não espere nada.
Não espere ninguém.
Aja o mais rápido possível.
Deixe a fraqueza para trás e lute até o fim.

domingo, 31 de julho de 2011

P.S. I Miss You

Essa é uma das letras mais bonitas que eu já cantei:


The Decemberists -Yankee Bayonet (I Will Be Home Then)


Heart-carved tree trunk, Yankee bayonet
A sweetheart left behind
Far from the hills of the sea-swelled Carolinas
That's where my true love lies


Look for me when the sun-bright swallow
Sings upon the birch bough high
But you are in the ground with the voles and the weevils
All a'chew upon your bones so dry


But when the sun breaks
To no more bulletin battle-cry
Then will you make a grave
For I will be home then
I will be home then
I will be home then
I will be home then
Then


When I was a girl how the hills of Oconee
Made a seam to hem me in
There at the fair when our eyes caught, careless
Got my heart right pierced by a pin


But oh, did you see all the dead of Manassas
All the bellies and the bones and the bile
Though I lingered here with the blankets barren
And my own belly big with child


But when the sun breaks
To no more bulletin battle-cry
Then will you make a grave
For I will be home then
I will be home then
I will be home then
I will be home then


Stems and bones and stone walls too
Could keep me from you
Scaly skin is all too few
To keep me from you


But oh my love, though our bodies may be parted
Though our skin may not touch skin
Look for me with the sun-bright sparrow
I will come on the breath of the wind



 
 
 
Essa banda me trás boas lembranças e uma vontade de viajar pra Irlanda e ver campos e paisagens coloridamente bonitas e naturais. Vontade de amar e sair rolando na grama. Tomar banho de chuva e depois chocolate quente.
 


quarta-feira, 20 de julho de 2011

F5

Milênios depois em uma galáxia muito muito distante...
Gente do céu, quanto tempo sem dar as caras por aqui! Última postagem foi em março e de lá pra cá MUITA coisa aconteceu. Entre encontros, desencontros, brigas, reconciliações, sorrisos, muitas lágrimas, dúvidas infinitas, medos, erros e acertos, cá estou de volta pra externar tudo isso (I hope so).

Ontem 30GB da minha vida foram embora pra sempre. Fui assaltada e levaram meu ipod. Nele tinha praticamente toda a minha adolescência. Fotos, MUITAS fotos, vídeos, músicas, textos. Fico pensando em cada arquivo, logo lembro de cada momento. Como se tudo tivesse virado pó, fosse apagado da minha vida. Foram embora meus variados cortes de cabelo, minhas melhores aulas do ensino médio não assistidas, a trilha sonora indie dos meus 15-16-17 anos, as festas memoráveis (ou alcoolicamente esquecidas), natais, anos novos, viagens com meu inseparável all star branco, minha mudança de adolescente velha para jovem adulta, passeios de barco, de carro, de avião, minhas bandas que nunca sairam do estúdio, tietagem na banda dos amigos, despedidas, faculdade, ex-amigos, novos amigos, amizades improváveis.
Mas o que passa na minha cabeça é que alguém um dia vai ver tudo isso (até acharem um cabo usb pra ipod espero que me devolvam not ou deixem cair na rua e um carro passe por cima). E se virem, quais serão os pensamentos? Vão rir de mim? Ter peso na consciência? Vão jogar na internet e fazer montagens porno-alienígenas com as minhas fotos? Hmm...
Foi uma perda irreparável e é difícil engolir isso. Maldita hora que não revelei as fotos ou fiz backup, que burra, dá zero pra mim!
Depois dessa, só tive a certeza que 2011 definitivamente está sendo o ano de mudanças drásticas na minha vida. De escolhas importantes, de grandes responsabilidades, de difíceis obstáculos. Três palavras definem bem essa fase: PACIÊNCIA, EQUILÍBRIO e DISCIPLINA. E é focada nessas palavras que eu tento ter um ponto de vista bem otimista de tudo que vem acontecendo comigo. Tem horas que OH FUCK, I'M DONE! Ok, ok...there, there...
Depois do assalto a história da minha vida, o que me resta é partir do zero e fazer os malditos backups. O que se foi fica na minha memória e o que vem pela frente vai ser minha nova história pela qual venho lutando arduamente (detalhes nas próximas postagens).
E esse foi meu olhar otimista.



 It's so hard.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Quarta-feira de chuvas

Eu sempre me identifiquei com o carnaval. Nasci em um domingo de carnaval e minha família sempre prestigiou muito essa festa. Mamãe sempre me conta dos bailes que ela frequentava, das fantasias, das moças de corpo bonito e bronzeado, da época "boa que não volta mais". Sinto uma inveja, queria ter vivido aquele tempo. Não sou de sair em escola de samba ou em blocos, acho que se morasse no Rio de Janeiro ou em Pernambuco isso faria mais sentido. Manaus não tem cara de carnaval. Pode até ser preconceito, mas minha cidade não desperta esse encanto em mim.O que eu gosto daqui é que sempre chove no carnaval, como hoje, quarta-feira de cinzas. Imagino pessoas fantasiadas andando pelas ruas voltando para suas casas, com a maquiagem borrada, confetes e serpentinas molhados no asfalto. 


Uma melancolia sem fim. É com isso que eu me identifico, com esse fim de carnaval. Não que eu seja uma pessoa melancólica emo, mas pra mim é uma sensação boa, como fechar os olhos e sentir o vento bater no rosto. Eu espero o carnaval chegar todos os anos para poder sentir essa brisa de nostalgia. 


O carnaval é antigo, não combina com século XXI. Eu não combino também. Já me falaram que eu não sou dessa época, concordo. 
A música a seguir retrata muito bem todo esse sentimento...


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Visitante no banheiro


família Tettigoniidae inclui os insetos conhecidos vulgarmente como esperanças. 
Estes insetos têm hábito de vida noturno, produzindo um som semelhante ao das cigarras, porém as cigarras são diurnas. As esperanças apresentam camuflagem, sendo que o par de asas anterior, pergamináceo, assemelha-se com folhas. Apesar de serem fitófagos, estes insetos não possuem importância econômica por não atacarem lavouras. 
Há na cultura popular a crença de que o pouso deste inseto em uma pessoa lhe trará boa sorte, ou se encontrá-lo morto é presságio de mau-agouro. 




No começo dessa semana apareceu uma esperança no meu banheiro viva, ufa!. Eu pensei em tirá-la de lá, mas depois das minhas aulas de entomologia resolvi não ficar mais enchendo a paciência dos pobres insetos. Engraçado como as pessoas atribuem crenças a animais, objetos. Eu prefiro acreditar em seres animados e racionais, mas sabe, sempre no fundinho me animo quando deparo com alguma situação dessas, de crendice popular. Acho que é coisa de mulher, ou é coisa de pisciana (outra coisa que eu acho muita coincidência é horóscopo, não sou de ler previsão, mas acho a personalidade das pessoas muito igual ao perfil descrito em cada signo). Ou é abestalhamento mesmo.
Eu fiquei uns séculos sem atualizar o bloguito aqui por causa da correria, problemas (a lot of...), estágio escravo e agora começaram as aulas na UFAM. 2011 começou TENSO, espero que as coisas se acalmem e com o tempo volte a tranquilidade. Eu não ando lá muito inspirada, também espero que isso se resolva logo. Não custa ter esperança (ê laiá clichezão!). Tô só enrolando pra ver se sai mais alguma coisa da cachola, mas tá hard. Talvez seja a a idade, sexta agora é meu aniversário, os joelhos já doem e os neurônios já não trabalham como antes (draaaama queen). 

AAAh danada!



domingo, 30 de janeiro de 2011

Manchas de vinho

Trabalhar com o público definitivamente é uma caixinha de surpresas. Todos os dias você lida com as mais improváveis situações bizarras e tem que manter a postura e o sorriso estampado na cara. Ossos do ofício para os estagiários do Palacete Provincial. O Palacete Provincial antes funcionava como Comando Geral da Polícia Militar. Já houve muita dor e sofrimento nesse prédio, principalmente na época da ditadura. Durante sua reforma, algumas celas foram preservadas justamente para contar um pouco da história que ali se passou, e essas celas fazem parte do roteiro dos visitantes.
Ontem um senhor muito simpático decidiu fazer uma visita. Entrou na primeira sala e em seguida pediu para ver a celas (curiosidade de muitas pessoas). A caminho da cela, esse senhor me puxou de lado e falou bem baixinho - Eu vou te contar uma coisa, mas não agora -, consenti com a cabeça - Tudo bem! - e continuei o percuso. Algumas coisas se passaram pela minha cabeça, mas como aquilo era tão corriqueiro não dei muita atenção. Chegando no local, expliquei um pouco da história e o senhor ficou uns segundos em silêncio, em seguida falou - Estou todo arrepiado... - É, realmente aquele lugar tem um clima pesado, é frio e tem um cheiro estranho. Voltamos para o hall e fui deixá-lo na entrada. Ele me puxou até as escadas. Suas mãos estavam geladas, ele olhou bem nos meus olhos e sorrindo falou - Minha filha, eu já fiquei preso naquelas celas. Já sofri muito e perdi muitos amigos nesse lugar. Você é muito novinha, tem muito o que viver.  Eu vim aqui só pra isso, até mais! - Eu fiquei em estado de choque. Senti um aperto no peito e fiquei sem reação, sem palavras. Foi uma situação muito constrangedora. Me senti mal.
Isso realmente me tocou, talvez até me identifiquei em alguns aspectos. Tem coisas que realmente ficam marcadas, momentos da vida, pessoas que se foram. São como manchas de vinho, difíceis de serem removidas. Acho que aquele senhor, depois de fazer essa visita, teve uma espécie de libertação. Um sentimento de dever cumprido. E seguiu em frente com o seu sorriso.
Em algum momento da vida nós temos que remover todas as manchas de vinho possíveis. Ter roupas mais limpas e leves.  


sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Estive lembrando

Hoje estava eu a voltar de um árduo dia de trabalho escravo, peguei qualquer ônibus que passasse pela Djalma e para minha sorte dentro do ônibus estava um daqueles senhores "pregando a palavra". No meio de versículos, gritos e quase uns safanões (é, nem todo mundo tem obrigação de ouvir sobre Jesus e nem todo mundo tem fones de ouvido e paciência) eu lembrei de um texto que li faz um tempinho (no auge da minha adolescência, nem faz muito tempo, ok?) que me fez refletir. O texto é do Antonio Prata, ele tinha (não sei se ainda tem) uma coluna na revista Capricho chamada "Estive pensando", onde expunha fatos do cotidiano com uma visão bem interessante:


Jesus tomando sol


Você já reparou que somente histórias envolvendo alguma forma de sofrimento nos livram de um compromisso? Se uma pessoa chega atrasada na escola, a um jantar ou ao trabalho, diz que foi o pneu que furou, uma carreta virada na avenida, o velório da tia-avó ou a gripe do periquito que a atrapalhou. Sempre problemas. Imagine só se uma amiga sua chega no meio da aula e explicasse, feliz da vida, para a professora: “No caminho eu encontrei um cara lindo, a gente começou a conversar e, quando eu vi, já tinham se passado quarenta minutos… Posso entrar?”
Não ia dar certo. Já se ela aparecesse dizendo: “Putz, professora, o pneu do ônibus furou, o motorista foi trocar e teve um torcicolo, não conseguia se mexer. Nesse momento os assaltantes chegaram e me fizeram de refém. Minha mãe foi tirar dinheiro pra pagar o resgate e a máquina engoliu o cartão. Tivemos que pedir dinheiro emprestado pra minha avó e por isso cheguei agora”. Aí, sim, ela poderia assistir à aula.
Nessas e noutras situações tenho a impressão de que vemos o sofrimento e a dificuldade como mais nobres do que a felicidade e a facilidade. Já presenciei uma conversa em que as pessoas competiam para ver quem sofria mais. Uma disse que pegava dois ônibus até a faculdade. A outra falou: “Eu tenho que pegar dois ônibus e um trem”. Uma terceira sorriu, porque a parada estava ganha: “E eu tenho que pegar dois ônibus, um trem, ando dois quilômetros e tenho joanetes”. Eu, que moro ao lado, vou a pé e não tenho joanetes, fiquei quieto, envergonhado.
Não é à toa que o sofrimento é tão valorizado em nossa sociedade. Afinal de contas, há dois mil e quatro anos o nosso maior símbolo é um homem pregado na cruz. O filho de Deus, que morreu por nós. Por isso, dizem os católicos, temos que ter uma vida de sofrimento e humildemente aceitar as desgraças. Que horror! Imagine que bom se, em vez do crucifixo, cultuássemos um Jesus tomando banho de rio? Ou jogando bola? As pessoas levariam no pescoço pingentes do filho de Deus se preparando para um mergulho, tomando sol ou dando uma bicicleta! Melhor ainda, se nos altares Jesus estivesse dando um beijo apaixonado em Maria Madalena, sua namorada. Aí, ao passarmos por uma igreja ou um cemitério, não faríamos o sinal da cruz, mas daríamos um beijo. E aprenderíamos, desde criancinhas, que o filho de Deus veio ao mundo beijar o próximo e mostrar que o amor e a felicidade eram mais importantes que a dor, o sofrimento. Se fosse assim, quando a garota atrasada contasse a história do garoto lindo e da conversa, a professora daria um sorriso e a convidaria a entrar, sabendo que aquela aluna já havia aprendido o mais importante sobre a vida.


Legal, né? 
Eu não tô fazendo apologia à nenhuma religião cristã ou algo do tipo (até porque não tenho religião) e acredito que o Antonio também não esteja
. E também respeito qualquer religião e os senhores que "pregam a palavra". Também respeito meus fones de ouvido.